Detalhamento do evento

  • 05/11/2018 00:00
  • 09/11/2018 23:59
  • O III Colóquio Internacional ¿Anacronias da/na literatura italiana e movimentos possíveis¿ traz para o foco da discussão uma reflexão sobre a produção poética e narrativa italiana, sobretudo, dos séculos XX e XXI. O objetivo é abordar o ato da escrita em seus embates com as temporalidades, tanto pensando em autores que problematizam os modos autobiográficos e memoriais como em autores que hibridizam/parodiam os registros da tradição e da modernidade. Nessa linha, além de repensar a literatura partindo de suas potencialidades imagéticas e de linguagens que buscam as singularidades do sentido fora da categorização das palavras, almeja-se também refletir sobre a relação arcaico-moderno.

    Este evento internacional nasce no seio das pesquisas realizadas no Núcleo de Estudos Contemporâneos de Literatura Italiana (NECLIT, http://neclit.paginas.ufsc.br), da UFSC, e se relaciona diretamente com os Colóquios I, ¿Resíduos do humano: experiência e linguagem na literatura italiana das últimas décadas¿ (2016), e II, ¿Contemporaneidades da/na literatura italiana¿ (2017), para dar continuidade a uma série de discussões que permeiam a ideia de contemporâneo. Se a ênfase nas passadas edições foi dada a uma ideia de literatura delineada por fraturas, digressões e matizes, que coloca em discussão o estatuto da palavra, abrindo espaço para questões relativas, em particular, à linguagem, o bojo crítico e teórico, nesta ocasião, terá como foco principal as seguintes linhas:

    ¿ anacronias da/na literatura (também em diálogo com outras artes);

    ¿ rastros e ruínas da história;

    ¿ tendências antihistoricistas;

    ¿ memória e ficção, embates e diálogos;

    ¿ outras formas do dizível e do imaginável;

    ¿ perda de uma experiência contável;

    ¿ vertentes pós-humanistas.

    Nesse sentido, algumas problemáticas a serem tratadas poderiam, ainda, ser sintetizadas em perguntas, passíveis de desdobramentos, tais como: de que forma a literatura se relaciona com o que é chamado de tradição, arquivo ou memória? Quais os vestígios que nela sobrevivem? Que língua ela fala ou em que língua ela se faz falar? Quais são os movimentos da literatura italiana contemporânea? Quais as tramas, hoje, dessa escrita? Como alguns poetas e escritores pensam essas questões em suas relações peculiares com a palavra?

    Todas as reflexões propostas, nesses trânsitos entre memória, ficção, história, palavra, imagem, se pretendem balizadas pela ideia de ¿anacronia¿, de derrubamento de um método uniforme, sequencial, reconstituinte, afirmativo. Pode-se pensar, enfim, nos momentos anacrônicos assim definidos por Georges Didi-Huberman:

    ¿O anacronismo, desde logo, poderia não ser reduzido ao que todo historiador patenteado considera espontaneamente um horrível pecado. Ele poderia ser pensado como um momento, como uma pulsação rítmica do método, fosse ele seu momento de síncope, fosse paradoxal, perigoso como o é necessariamente todo risco¿. (Diante do tempo: história da arte e anacronismo das imagens, trad. V. Casa Nova e M. Arbex, Belo Horizonte, Editora UFMG, 2015, p. 28)

    Este Colóquio Internacional pretende, finalmente, promover um espaço acadêmico que possa oferecer e fazer operar um canal de debates interdisciplinares a partir das problemáticas expostas, contemplando uma perspectiva transversal e comparada, que tendo como base a literatura italiana abra, conforme o título, para ¿movimentos possíveis¿. Deseja-se, assim, proporcionar uma pluralidade de olhares, visando à legitimação de um fórum importante para a área, que reúna professores, estudiosos, alunos de pós-graduação e graduação.